Entenda a Crise no Maranhão
As cenas bárbaras presenciadas nos presídios do Maranhão é o ponto alto de uma crise cujos
sintomas já se revelavam desde a década passada nos dados de segurança
do Estado. Nos últimos 13 anos, os homicídios em São Luís e na
região metropolitana cresceram 460%. O descaso, a falta de vagas e de investimento no sistema penitenciário
também já vinham sendo apontados pelas autoridades, como nos mutirões
feitos pelo Conselho Nacional de Justiça. As penitenciárias são
precárias e superlotadas. Há 1,9 preso por vaga no sistema maranhense, o
que coloca as prisões do Estado no 7.º lugar entre as mais lotadas do
País.
O problema da violência no Maranhão dentro e fora dos presídios se
agravou a partir de 2010, quando foi anunciada pelos presos a criação do
Primeiro Comando do Maranhão (PCM). A facção rival, Bonde dos 40,
surgiu logo na sequência. O enfrentamento entre os grupos se acentuou
nos meses seguintes, em um ambiente penitenciário sem controle.
A ONU cobrou do
governo brasileiro providências para sanar o caos que tomou conta do
Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão. Em nota sobre as cenas de barbárie
dentro do presídio divulgadas nos últimos dias, o Alto Comissariado da
ONU para os Direitos Humanos afirma que faz-se necessária uma
"investigação imediata, imparcial e efetiva dos fatos" para que os
responsáveis sejam processados. Na terça-feira, o jornal Folha de S. Paulo trouxe à tona vídeo que mostra presidiários celebrando enquanto três colegas são decapitados.